29 julho 2013

E por falar em humanizar a economia


É bom lembrar de Albert O. Hirschman.

Economista teve grande preocupação com o que, nos anos 1960 e 1970, se conhecia como "Terceiro Mundo".
Seu pensamento buscava um equilíbrio difícil entre as visões de esquerda para um mundo perfeito e as preocupações conservadores de que as reformas sempre sairão pela culatra.

Livro destrincha trajetória de Albert O. Hirschman
sab, 27/07/2013 - 16:44 - Atualizado em 27/07/2013 - 16:46

Artigo publicado por The New York times e traduzido no Jornal GGN
http://jornalggn.com.br/blog/livro-destrincha-trajetoria-de-albert-o-hirschman

Considerado uma das referências da economia política, o economista alemão Albert O. Hirschman (1917-2012) teve uma trajetória cercada de prêmios e diplomas honorários e se tornou referência na análise política econômica, inclusive nos países em desenvolvimento. Mas seu nome não é visto com frequência nas listas de leituras obrigatórias das faculdades de economia, o que tem feito com que sua presença no debate intelectual comece a perder força em detrimento de outros contemporâneos, como Milton Friedman e Paul Samuelson.

“Até cerca de um ano atrás – quando um amigo jornalista pediu o livro “Exit, Voice and Loyalty” para mim – e um professor de escola de negócios fez o mesmo com “The Passions and the Interests” – eu não me lembrava de ter ouvido seu nome”, diz Justin Fox, editor da Harvard Business Review, em artigo publicado no jornal norte-americano The New York Times. “Isso provavelmente reflete mais sobre as pobres escolhas de cursos universitários do que sobre Hirschman: seu trabalho ainda era visto em várias listas de leitura de classe. Mas para alguém cuja estrela brilhou tão brilhantemente duas décadas atrás (...) Hirschman tem sumido de vista”.

Para documentar sua trajetória de vida, foi lançado recentemente o livro “World Philosopher: The Odyssey of Albert O. Hirschman” (740 páginas, Princeton University Press), onde o autor Jeremy Adelman constrói uma narrativa mostrando a vida do intelectual, desde sua graduação em Paris, passando pelos estudos na London School of Economics, a luta com os republicanos na Guerra Civil Espanhola, o doutorado em economia na Universidade de Trieste enquanto atuava como mensageiro para a resistência antifascista, o serviço prestado no exército francês contra a resistência antifascista, a fuga para os Estados Unidos junto com outros intelectuais (como Hannah Arendt e Marc Chagall), sua atuação na Universidade de Berkeley, na Califórnia e o trabalho no escritório de serviços estratégicos da CIA, além de sua atuação no Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) como conselheiro do Plano Marshall, e a mudança para a Colômbia após ser expulso de seu emprego em Washington.

E foi na Colômbia onde Hirschman se especializou no campo das economias em desenvolvimento. Em meio a isso, apoiou de forma quase obstinada os reformadores econômicos moderados, tanto que foi convidado a comparecer à posse de Patricio Aylwin após a expulsão de Augusto Pinochet no Chile, e de Fernando Henrique Cardoso, seu amigo pessoal e colaborador intelectual no Brasil. Ele também atuou nas Universidades de Columbia, Harvard e, em 1974, estabeleceu-se no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton.

O modelo teórico empregado por Hirschman considerava que as grandes teorias de desenvolvimento tendem a estar erradas, e que uma boa sociedade precisa de mercados livres e ações coletivas em diferentes graus, dependendo das circunstancias. Seu livro mais citado entre os estudiosos é “Exit, Voice and Loyalty”, onde analisa as escolhas que são feitas como cidadãos e consumidores entre desistir de um produto ou organização que falhou, ou se mexer a favor de mudanças.

Segundo Justin Fox, “a economia evoluiu durante a vida de Hirschman em uma disciplina em que tudo é sobre otimização, de preferência expressa em modelos matemáticos. Sua influência em seu próprio campo, portanto, parece escassa”. Enquanto sua teoria tinha muita força entre antropólogos, sociólogos e cientistas políticos, o articulista considera “difícil” detectar qualquer coisa como uma “escola Hirschman”, se houvesse uma.

“Hirschman acreditava no potencial para a melhoria da sociedade, conduzindo um curso entre as visões de esquerda para um mundo perfeito e as preocupações conservadores de que as reformas sempre sairão pela culatra. Um ambiente intelectual e político em que essa seria a atitude dominante seria definitivamente uma melhoria”, pontua Fox.
 
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