05 junho 2017

Ditaduras não promovem desenvolvimento


Ditaduras não devem ser toleradas como um passo para se obter desenvolvimento. 

Primeiro, porque é extremamente controverso dizer que os países se desenvolvem mais rapidamente em ditaduras do que na democracias. 
A maioria dos países mais desenvolvidos alcançou o atual status de desenvolvimento a partir do momento em que eles se tornaram mais democráticos, e não mais autoritários do que eram. 
Mesmo a China, sob Deng Xiaoping, reconhecidamente se tornou mais aberta e descentralizada do que era nos tempos de Mao Tsé-Tung, e ainda mais na década de 2000 do que foi na década anterior.

Segundo que, mesmo em situações de crescimento acelerado de algumas ditaduras, o máximo que ocorreu foi exatamente isso: crescimento acelerado, com uma forte ampliação das desigualdades sociais. Isso nunca foi desenvolvimento.

Leia a respeito "O que mantém as democracias?" , de Adam Przeworski, Michael Alvarez, José Antonio Cheibub e Fernando Limongi (revista Lua Nova, nº 40/41, 1997


Segundo os autores, a teoria da modernização (Lipset, Huntington) estava errada ao supor que o desenvolvimento sob a ditadura necessariamente faria germinar a democracia. O que é certo é que, uma vez democrático, um país rico e mais igualitário tem mais possibilidade de fazer perdurar a democracia do que países pobres e extremamente desiguais. "A pobreza é uma armadilha". "A pobreza gera pobreza e ditadura". 

O texto ainda traz um conceito "minimalista" (como dizem os próprios autores) de democracia:
"Definimos a democracia como um regime no qual os cargos governamentais são preenchidos em consequência de eleições competitivas" e "se a oposição estiver autorizada a competir, vencer e tomar posse dos cargos."


Sobre o conceito de democracia, leia também o cientista político Kenneth Bollen, em "Political democracy: conceptual and measurement traps".  








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